Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) da China
A China vivenciou um tipo de industrialização que se diferenciou da maioria dos processos ocorridos nos demais territórios do planeta. O desenvolvimento industrial chinês ocorreu ao longo do século XX e foi regulado pela forte presença do Estado. Uma das principais características desse processo foi a demarcação das Zonas Econômicas Especiais (ZEEs).
As ZEEs da China foram criadas pelo Governo Deng Xiaoping (1982-1987) e foram mantidas pelos governos ulteriores. Elas são consideradas como o principal marco da transição chinesa do comunismo (ou capitalismo de Estado, na visão de alguns especialistas) para o capitalismo de Economia de Mercado.
As Zonas Econômicas Especiais, nesse sentido, consistem em áreas especificamente destinadas para o direcionamento da atividade industrial a partir do oferecimento de vantagens para atrair investimentos estrangeiros. Os principais objetivos das ZEEs eram alavancar a produção industrial da China – que se encontrava em crise desde a década de 1960 – e fortalecer o volume total de exportações. Tais metas foram cumpridas com elevado sucesso e podem ser consideradas como um dos principais meios pelos quais o modelo chinês apresentou um grandioso sucesso em termos econômicos, tornando o Produto Interno Bruto (PIB) do país o segundo maior do planeta.
Outra característica das Zonas Econômicas Especiais é o fator empregatício, haja vista que a instalação das fábricas e indústrias estrangeiras demandou uma grande quantidade de mão de obra, qualificada e não qualificada. Além disso, todas as empresas estrangeiras que desejassem instalar-se no território da China deveriam associar-se com uma empresa local, estatal ou não, em uma prática conhecida na economia como t Venture.
Do outro lado, as multinacionais também se viram bastante favorecidas pelo processo de abertura da economia chinesa pela criação das ZEEs. Os principais pontos positivos para as empresas internacionais eram:
a) uso de mão de obra muito barata e abundante;
b) melhor o às matérias-primas do país;
c) infraestrutura adequada para rápida exportação;
d) o ao amplo mercado consumidor do país sem a agem dos produtos por barreiras e tarifas alfandegárias;
e) baixos impostos locais, incluindo a isenção fiscal para a importação de produtos e maquinários industriais;
O fato de a população da China equivaler a aproximadamente um quinto da população mundial foi um dos principais fatores que tornaram a economia do país atrativa para os investidores estrangeiros, pois o o a esse amplo mercado consumidor era a garantia de rápido lucro e retorno aos investimentos realizados. Além disso, em razão dos menores custos, o preço de produtos (sobretudo os de baixa tecnologia) tornou-se muito baixo e praticamente imbatível no mercado internacional.
Fábrica chinesa de produção de equipamentos de segurança eletrônica *
Inicialmente, instalaram-se fábricas voltadas justamente para essas mercadorias menos tecnológicas, incluindo a indústria têxtil, de alimentos, de brinquedos e de produtos descartáveis. Posteriormente, houve também uma grande migração de indústrias do ramo automobilístico, de equipamentos eletrônicos e de tecnologia avançada.
As ZEEs da China ainda existem atualmente e tiveram como resultados positivos o grande fluxo de investimentos estrangeiros, a geração ampla de emprego e a transferência de tecnologia por meio das parcerias firmadas no âmbito das t ventures. Assim, muitas empresas estatais chinesas puderam também realizar os seus investimentos em outros territórios, principalmente em países subdesenvolvidos.
Apesar de todas essas vantagens, pesam também as críticas direcionadas a esse modelo, acusando-o de gerar empregos apenas em curto prazo, elevar a precarização do trabalho em nome do lucro dos investidores e de concentrar a geração de riquezas em uma porção específica do território, de forma a segregar as demais áreas. De toda forma, o modelo das ZEEs é considerado um exemplo de desenvolvimento territorial e vem sendo copiado por vários países que buscam incrementar ou fomentar os seus respectivos processos de industrialização.
* Créditos da imagem: BartlomiejMagierowski / Shutterstock
