O golpe do Estado Novo

Em meados de 1937, após oito anos no poder, Getúlio Vargas deveria seguir as instruções da Constituição de 1934 e abrir caminho para que eleições diretas para presidente fossem organizadas. Em um primeiro momento, três candidaturas se lançavam ao posto: Plínio Salgado, líder da AIB, pelo setor de extrema direita; Armando de Sales Oliveira, representando os oligarcas paulistas; e José Américo de Almeida, candidato sustentado pela maioria dos governadores estaduais.

No primeiro instante, Vargas se portava como um fiel cumpridor da carta constitucional ao não interferir nas chapas que se formavam. Se essa era a sua ação na esfera pública, nos bastidores da cena política, ele arquitetava alianças favoráveis a um golpe de Estado que o preservaria no poder. Para tanto, contava com expresso apoio de vários dirigentes do alto comando militar. Além disso, tinha o apoio do deputado Negrão de Lima, que buscou a simpatia dos governantes nos estados.

Do ponto de vista político, a construção de um regime ditatorial era tida como a mais perfeita oportunidade para que os setores de esquerda fossem desmobilizados. Através da ação das forças militares, os comunistas seriam perseguidos e o potencial combativo das classes trabalhadoras, controlado. Ao mesmo tempo, acreditava-se que, sob o comando de Vargas, o Estado assumiria uma ampla participação na economia ao empreender o desenvolvimento da indústria de base.

Tomado esse conjunto de apoiadores, o o seguinte envolvia buscar um fato que justificasse o golpe ao restante da população. A desculpa veio através de um falso documento chamado Plano Cohen. Por meio deste texto, as autoridades governamentais anunciaram a descoberta de um terrível golpe que iria implantar um governo comunista alicerçado pela União Soviética. Dessa forma, o Congresso Nacional não resistência ofereceu ao golpe a ser deferido contra a democracia.

Em novembro de 1937, com apoio de integralistas, militares e intelectuais, Getúlio Vargas suspendeu a Constituição de 1934 e colocou todos os partidos políticos na ilegalidade. Era o início do Estado Novo, que comandaria a vida política através de um regime centrado nos amplos poderes cedidos ao Poder Executivo. De revolucionário e constitucionalista, Vargas ou a assumir o papel de ditador até 1945.

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Por Rainer Sousa
Mestre em História

Militares e outras lideranças políticas foram acionadas para a deflagração do Estado Novo.
Militares e outras lideranças políticas foram acionadas para a deflagração do Estado Novo.
Publicado por Rainer Gonçalves Sousa

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